O triste fim de um tubérculo
- Sandra Braik
- 9 de jul. de 2013
- 1 min de leitura

Não sei de onde surgiram aqueles dedos gelados. Já era noite, bem tarde quando senti remexer meu saquinho plástico. Flutuei até uma mulher. Não pude identificá-la, já estava com sono, mas me segurou forte, de tal maneira que perdi o ar e desmaiei. Cinco, seis minutos se passaram, nem isso; me recompus do aperto. Abri os olhos no ensejo de ser apenas mais um pesadelo horrível, mas estava notoriamente agarrada às entranhas de uma necessidade, a fome.
A mulher, ao mesmo tempo que me segurava, ria freneticamente de um tal Joseph Climber – aliás, não faço ideia de quem seja. Por um momento o agradeci por distrair minha predadora e desviar seus dentes de meu entorno, porém suas piadas gastas não fizeram mais efeito depois de meia hora; senti uma vez mais o aperto no saquinho, a levitação, dessa vez fora do meu habitat, até um lugar mais escuro e úmido.
Estômagos necessitados são demasiado perigosos, principalmente se você for uma batata apetitosa.
Comments